sábado, 18 de fevereiro de 2017

Livro "O Papalagui - discursos de Tuiavii chefe de tribo de Tiavéa nos mares do Sul"

Recentemente encontrei em casa da minha mãe no quarto da minha irmã este livro. Sem saber muito bem explicar peguei nele e comecei a folheá-lo. Li-o em poucos dias, os pequenos capítulos, a linguagem simples e o interesse da mensagem ajudaram a isso. O livro foi publicado a primeira vez na Alemanha em 1920.

Transcrevo em baixo algumas passagens.
"O Papalagui - ou seja, o Branco, o Senhor - é este o nome dado aos discursos do chefe de tribo Tuiavii de Tiavéa, nos mares do Sul. Tuiavii nunca teve intenção de publicar esses discursos na Europa (...) destinavam-se unicamente aos seus compatriotas polinésios. Se eu, apesar disso, transmito aos leitores europeus os discursos desse indígena (,..) é porque estou convencido de que nos vale a pena, a nós, homens brancos e [ditos] esclarecidos, ter conhecimento do modo como um indivíduo ainda intimamente ligado à natureza nos vê a nós e à nossa cultura."

"Através dos seus olhos descobrimos a nossa própria imagem, e isso com uma simplicidade que já perdemos (...) mais do que uma frase de Tuiavii deixará pensativo o leitor mais modesto, pois a sabedoria de Tuiavii não emana de um saber erudito, mas é mais uma inocência de fonte divina."

"Representam estes discursos um apelo aos povos dos mares do Sul para que quebrem todos os elos com os povos esclarecidos do continente europeu. Tuiavii, depreciador da Europa, acalentava a profunda convicção de que o pior erro cometido pelos seus antepassados fora o de crer que a luz da Europa lhes traria a felicidade."

"(...) Não consegue entender em que é que consiste o grande valor da cultura europeia, se esta afasta o homem de si mesmo e o torna falso, desnaturado, mau."

"(...) Não nos consideremos, pois, demasiado cultos e desçamos, por uma vez, das alturas do nosso espírito até ao modo simples de ver e de pensar deste insular dos mares do Sul que, liberto ainda do fardo da instrução, e ainda autêntico na sua maneira de sentir e de olhar, nos ajuda a entender como perdemos o sentido sagrado do homem criando ídolos sem vida."

"(...) tudo se passa como se o que anda depressa tivesse mais valor e bravura do que o vai devagar (...)"

"(...) o Papalagui leva, pois, toda a vida a correr até perder o fôlego, e cada vez mais se esquece do que é andar, passear, caminhar alegremente para um fim que virá ao nosso encontro sem que o tenhamos procurado (...)"

Outras passagens podiam ser aqui transcritas, optei por estas. Caso queiram ler o livro posso emprestá-lo.