domingo, 29 de dezembro de 2019

Livro "Quando Nietzsche chorou" de Irvin D. Yalom

Olá, nos últimos dias de dezembro li mais este livro que relata um conjunto de sessões, daquilo que hoje chamamos de psicoterapia, entre Josef Breuer - um psiquiatra vienense - e Friederich Nietzsche - o maior filósofo da Europa em 1882. Ao longo das sessões, e como diz na sinopse do livro, descobrem a razão dos seus próprios pesadelos, insónias e obsessões sexuais.

Em baixo partilho uma vez mais alguns excertos que retive e com os quais me identifiquei.

"- Lembra-se da minha primeira máxima... pronunciei-a várias vezes para si, Josef: "Transforma-te em quem és"? Significa, não apenas aperfeiçoar-se a si mesmo, mas também não ser presa dos desígnios traçados por outros para si."

"Os pensamento são as sombras dos nossos sentimentos: cada vez mais escuros, vazios e simples."

"Afirma que quem quer conhecer a verdade, deve primeiro conhecer-se totalmente a si mesmo."

"Agrada-me a possibilidade de ser ajudado pela sua própria descoberta. Pois nunca se consegue ser realmente ajudado por outro; é preciso que se encontre a força para se ajudar a si próprio."

"A maior árvore ascende às maiores alturas e mergulha as raízes mais para o fundo, para dentro da escuridão (...)"

"Escondo o meu verdadeiro eu, por existirem em mim tantos aspetos desprezíveis. Depois, odeio-me ainda mais por me ver isolado das outras pessoas. Para poder romper alguma vez este círculo vicioso, terei que aprender a revelar-me aos outros!"

"Aqui, o senhor diz que se preocupa demais com as opiniões dos seus colegas. Conheci muitas pessoas que não gostam de si mesmas e tentam superar isso persuadindo primeiro os outros a pensarem bem delas. Feito isso, começam a pensar bem de si próprias. Mas essa é uma falsa solução, trata-se de uma submissão à autoridade dos outros. A sua tarefa é aceitar-se a si próprio, e não encontrar formas de obter a aceitação [dos outros]."

"O senhor quer voar, mas não pode começar a voar, voando. Primeiro, tenho que o ensinar a andar, e o primeiro passo para aprender a andar é entender que quem não obedece a si mesmo é regido pelos outros. É mais fácil, muito mais fácil, obedecer a outro do que comandar-se a si mesmo."

"(...) aqueles que pretendam a paz de espírito e a felicidade, têm que acreditar e abraçar a fé, enquanto aqueles que pretendam perseguir a verdade, devem renunciar à paz de espírito e devotar a sua vida à investigação (...) É tempo de o senhor o aprender (...) Deve escolher entre o conforto e a verdadeira investigação (...) Caso escolha ser um dos poucos que participam do prazer do crescimento e da alegria sem Deus, terá que se preparar para a dor máxima."

"Uma árvore precisa de enfrentar tormentas para alcançar uma altura digna de orgulho. A criatividade e a descoberta são geradas na dor (...) É preciso ter caos e frenesi dentro de si para dar à luz uma estrela dançarina."

"Talvez (...) os sintomas sejam os mensageiros de um significado e só venham a desaparecer quando a sua mensagem for compreendida."

"(...) acredito que a vida é uma centelha entre dois vácuos idênticos: a escuridão antes do nascimento e aquela após a morte (...) Não é estranho como nos preocupamos com o segundo vácuo e jamais pensamos no primeiro?"

"- Nenhuma lembrança consciente - corrigiu Nietzsche. - Mas a maioria das nossas lembranças existem no subconsciente."

"Como foi não ter um pai para o proteger? - Para me proteger ou para me oprimir? Terá sido uma perda? Não tenho a certeza. Ou pode ter sido uma perda para a criança, mas não para o homem (...) - No sentido de que jamais tive que carregar o meu pai às costas, jamais fui sufocado pelo peso do seu julgamento, jamais me ensinaram que o objetivo da vida era realizar as suas ambições frustradas. A sua morte pode bem ter sido uma bênção, uma libertação. Os seus caprichos nunca se transformaram na minha lei. Fui deixado sozinho a fim de descobrir o meu caminho, nunca dantes percorrido."

"- Sim, o eterno regresso significa que, cada vez que escolhe uma ação, deve estar disposto a escolhê-la por toda a eternidade. O mesmo acontece com cada ação não realizada, cada pensamento nado morto, cada escolha evitada. Toda a vida não vivida ficará a latejar dentro de si, não vivida por toda a eternidade. A voz ignorada da sua consciência continuará a gritar para sempre."

"Uma coisa que me parece clara é a importância de uma pessoa não se deixar viver pela própria vida. Senão, chegará aos quarenta a sentir que não viveu verdadeiramente. O que aprendi? Talvez a viver agora (...) - Aprendi também (...) que temos de viver como se fôssemos livres. Ainda que não possamos escapar ao destino, temos de o enfrentar de cabeça erguida... temos que desejar que o nosso destino aconteça. Temos que amar o nosso destino."

"- Que a única forma de salvar o meu casamento seria desistir dele (...) Quis dizer apenas que a relação conjugal só é ideal quando não é necessária para a sobrevivência de cada parceiro (...) Quis apenas dizer que, para se relacionar plenamente com outro, precisa primeiro de se relacionar consigo mesmo. Se não conseguimos abraçar a nossa própria solidão, usaremos simplesmente o outro como um escudo contra o isolamento. Só quando se consegue viver como a água, sem absolutamente qualquer público, se consegue voltar para outra pessoa com amor; só então se é capaz de preocupar com o engrandecimento do outro ser humano."

"De tempos em tempos, um homem necessita de uma mulher, assim como precisa de uma refeição caseira. (...) Talvez Nietzsche tivesse razão ao dizer que as suas atitudes para com as mulheres haviam sido fixadas nos primeiros anos da sua vida. Talvez essa atitudes estivessem tão profundamente entranhadas que iriam permanecer para sempre além do alcance de qualquer tratamento através da conversa."

"- Atribua uma voz às suas lágrimas. O que diriam elas? (...) - Se uma das minhas lágrimas tivesse consciência, diria... diria - "Por fim livre. Preso durante todos estes anos! Este homem, fechado e seco, nunca me deixou fluir antes. (...) Que bom estar livre!"

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